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Covid longa: conheça sintomas e como a vacina pode ajudar

  • Terra -

A explosão de infecções pela variante Ômicron, mais transmissível, faz soar o alerta para um possível aumento de relatos de covid longa - a presença de sintomas como cansaço e dificuldade de concentração após a o período de infecção aguda. Ainda há poucos estudos sobre essa condição, mas o tema preocupa médicos, cientistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Calcula-se que um em cada cinco pacientes de covid-19 podem desenvolver a covid longa no mundo. Veja o que se sabe até agora sobre a covid longa.

O que é a covid longa?
A covid longa é descrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um conjunto de sintomas que afeta parte das pessoas após a infecção pelo coronavírus. Para diagnosticar que uma pessoa tem a covid longa (ou condição pós-covid), a OMS estipula que os sintomas devem durar três meses após a infecção. Parte dos médicos e pesquisadores, porém, chama de covid longa a presença de sintomas por prazo até menor do que este.

Quais são os sintomas mais comuns da covid longa?
Os sintomas mais comuns são fadiga, dores musculares e sensação de névoa mental, com problemas como dificuldade de concentração e perda de memória. Também são comuns sintomas como dificuldade para respirar e tosse. Há relatos ainda de depressão e ansiedade após a covid-19. Esses sintomas podem aparecer durante a fase aguda da infecção ou após a "cura" da covid-19. Podem ir e vir ou melhorar continuamente ao longo do tempo. Segundo a OMS, a covid longa pode afetar a capacidade de fazer atividades diárias, como trabalhar ou realizar tarefas domésticas.

A covid longa só afeta quem teve um quadro grave de covid?
Não. A covid longa pode ocorrer mesmo em quem teve quadro leve da doença. A OMS estima que entre 10% e 20% dos pacientes com covid-19 desenvolvem sintomas prolongados e afirma que não parece haver relação entre a gravidade inicial da infecção e a probabilidade de desenvolver uma condição pós-covid. Em consultórios médicos ou centros de reabilitação, são comuns relatos de pessoas que se recuperaram bem na fase aguda da doença, não precisaram de internação, mas apresentam cansaço extremo, névoa mental e outros sintomas. Pessoas que foram internadas com quadros graves têm risco maior de desenvolver complicações também mais graves. Nesses casos, parte do problema está na própria internação, que pode causar dificuldades para caminhar ou se alimentar.

Por que algumas pessoas têm a covid longa e outras não?
As causas do desenvolvmento da covid longa ainda são incertas e poucos estudos oferecem conclusões sobre isso. Algumas das hipóteses até agora levantadas pelos cientistas são: a permanência de reservatórios ocultos do vírus no organismo, mesmo após a recuperação da fase aguda; a resposta inflamatória severa gerada pelo corpo para combater o vírus, o que acaba "atacando" os tecidos; e a formação de pequenos coágulos sanguíneos decorrente da infecção pelo coronavírus.

Um estudo publicado em janeiro demonstrou, ainda, que quatro fatores biológicos podem ter ligação com o risco de desenvolver covid longa. Esses quatro fatores são: nível de RNA de coronavírus no sangue no início da infecção, um indicador de carga viral; presença de certos anticorpos que atacam erroneamente os tecidos do corpo; reativação do vírus Epstein-Barr, que infecta a maioria das pessoas, geralmente quando jovens, e depois fica inativo; e ter diabetes tipo 2.

Pessoas vacinadas também podem ter covid longa?
Ainda há poucos estudos sobre o impacto das vacinas na prevenção da covid longa. Sabe-se, porém, que as vacinas protegem contra infecções e hospitalizações - o que, por si só, já é uma forma de proteger dos sintomas duradouros da covid. Estudos mais recentes também sugerem que as vacinas podem reduzir o risco de covid longa até mesmo entre vacinados que acabaram se infectando.

Uma pesquisa preliminar com 3 mil participantes em Israel, ainda não revisada por outros cientistas, concluiu que pessoas que foram vacinadas e tiveram covid tinham menos chance de relatar dores de cabeça e musculares após a infecção do que não vacinados que também contraíram a covid. Outro estudo no Reino Unido chegou a conclusões semelhantes. Ambas as pesquisas foram feitas antes da explosão de casos pela Ômicron. Mais estudos são necessários para medir o impacto da vacinação contra a covid longa.

Como as vacinas podem proteger contra a covid longa?
Todas as informações nesse sentido ainda são hipóteses. Uma delas é de que a vacina reduziria a replicação do vírus dentro do corpo, evitando a criação de reservatórios ocultos do Sars-Cov-2 que poderiam atacar os tecidos humanos posteriormente. Outra hipótese é a de que a vacina induz uma resposta imune do corpo mais direcionada ao vírus, reduzindo o risco de que o organismo crie uma resposta inflamatória exagerada para combater o Sars-Cov-2.

Qual o impacto da Ômicron na covid longa?
É cedo para medir o impacto da Ômicron nos sintomas prolongados da covid-19, já que a variante só foi identificada no fim de novembro, Também não há evidências para dizer que a variante poupará mais ou menos a população de sintomas prolongados. O fato de ser mais transmissível soa o alerta para o alto número de infectados - o que pode representar um contingente maior de pessoas com repercussões de longo prazo. Por outro lado, o grande número de vacinados agora aumenta a esperança de que os sintomas a longo prazo sejam menos frequentes ou menos graves.

"As pessoas vacinadas estão relaxando na proteção, estão se expondo. Temos de lembrar que a chance de apresentar um quadro grave (de covid) é menor, mas ainda não sabemos o risco de desenvolver a covid longa, que pode ser bastante incapacitante", afirma o médico Regis Rosa, pesquisador do tema pelo Programa de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e membro de um grupo de trabalho da OMS sobre covid longa.

O que fazer se ainda tenho sintomas mesmo depois de me recuperar da covid?
Médicos alertam que pessoas com sintomas prolongados devem buscar ajuda profissional e não é necessário esperar meses para isso. Atividades de reabilitação ajudam o corpo a se recuperar mais rapidamente da fadiga e melhoram problemas como a perda de memória e dificuldade de concentração. A reabilitação também evita o agravamento de problemas como ansiedade e depressão. No Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por exemplo, a recomendação é de que pessoas que continuam com sintomas 21 dias após a infecção busquem ajuda.



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